quarta-feira, 23 de julho de 2008

Novo endereço

Aos visitantes,

O Criança & TV mudou de endereço. A partir de agora, as discussões sobre o tema continuam no Mundo Animado, todas as quartas. Além de falar sobre o tema "crianças e televisão", o blog traz diversas informações sobre desenhos animados, como lançamentos em DVD e no cinema, notícias e estréias na telinha. Sejam bem-vindos ao novo endereço e espero que se divirtam com as novidades.

Shirley Paradizo

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Uma frase...

"A televisão se tornou a babá das crianças. Pesquisas apontam o grande poder que personagens de histórias, heróis, exercem sobre o psiquismo da criança. E não adianta dizer que é só trocar de canal, porque os pais não estão em casa, e mesmo quando estão, não conseguem controlar os filhos, é muito mais fácil que a criança fique na frente da televisão, quietinha, enquanto a mãe faz os afazeres de casa"

(Noemí Friske Momberger, advogada especialista em publicidade infantil, em um debate, em 2007, no Seminário Mídia e Psicologia)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Laura, Ulla, Otília e companhia

"Se você conhece alguma história de galinha, quero saber. Ou invente uma bem boazinha e me conte." O recado da escritora Clarice Lispector está no finalzinho do encantador A Vida Íntima de Laura, livro que o escritor Caio Fernando Abreu considerava "a melhor história sobre galinhas" que ele conhecia. Clarice dispensa comentários - a trajetória de Laura é pura epifania. Mas confesso que me apaixonei por Ulla, Gabi, as Marias (Rosa, Rita e Ruth), Otília, Juçara e Blondie, as simpaticíssimas galinhas, quer dizer, As Frangas (Editora Globo), de Caio Fernando Abreu.

Anos atrás, durante algum tempo, esse livro era "o" presente que meu filho levava para todos os amigos e amigas nos aniversários. Até que, um dia, eu e ele percebemos que tinha gente ganhando o livro pela segunda vez. Há algumas semanas, no meio de um cafezinho com as amigas-escritoras Carla Caruso e May Shuravel, as frangas apareceram na conversa - lá fui eu reler e, de novo, me apaixonar pelo texto de Caio: "... Tenho que explicar que gosto muito mais de chamar galinha de franga do que de galinha. Por quê? Olha, pra dizer a verdade, nem sei direito. Quando olho para uma galinha, acho ela muito mais com cara de franga. Acho mais engraçado. Ou só acho que acho, nem sei. Faz tanto tempo que digo franga que agora já acostumei..."

O livro é de 1988, é o único texto de CFA dedicado ao público infantil e foi considerado Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Na minha opinião, As Frangas é altamente recomendável pra todo mundo.

(Silvana Tavano)

* Mais uma indicação da amiga Silvana Tavano - editora da revista MARIE CLAIRE, blogueira do Diários da Bicicleta e autora da série de livros que contam as aventuras da bruxinha Creuza

sexta-feira, 20 de junho de 2008

As recordistas

As crianças brasileiras são as que mais ficam diante da TV. O levantamento foi feito pelo instituto de pesquisa Eurodata TV. Entre os países pesquisados estão Brasil, Estados Unidos, Indonésia, Itália, África do Sul, Espanha, Reino Unido, França e Alemanha. Segundo o estudo, as crianças brasileiras (de 4 a 11 anos) assistem em média a 3 horas e 30 minutos de TV ao dia. A Alemanha ficou com a menor média diária, 33 minutos.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Mais uma da Andi

Visitando o site da Andi mais uma vez encontrei outro material útil, e interessante, para os pais. Dessa vez, é um "tira-dúvidas" bem esclarecedor sobre como funciona a lei da classificação indicativa.

O que é?
A Classificação Indicativa é uma informação sobre o conteúdo de audiovisuais quanto à adequação de horário, local e faixa etária para serem exibidos. É um instrumento de proteção e promoção dos direitos humanos, que permite aos pais ou responsáveis escolherem se a programação é ou não adequada para a idade de crianças e adolescentes.

Qual é seu objetivo?
O foco da Classificação Indicativa é proteger a criança e o adolescente de conteúdos considerados inadequados a sua faixa etária. De caráter educativo, seu papel é produzir informações aos pais e às famílias sobre conteúdos inadequados em obras audiovisuais como filmes, novelas, jogos eletrônicos e espetáculos.

Qual é o processo da classificação?
As emissoras enviam para o Ministério da Justiça a sinopse do produto a ser exibido na televisão com a autoclassificação pretendida. Depois disso, as emissoras podem veicular a obra; ao Dejus cabe a responsabilidade de avaliar a autoclassificação, classificar e monitorar a programação. No caso das obras destinadas ao cinema, vídeo, DVD e jogos, as empresas enviam cópias das obras para o MJ que realiza análise prévia e os classifica.

Como é feita? Quais são as etapas?
O trabalho de Classificação é realizado por uma equipe de analistas do Departamento de Justiça, que atuam em diversas áreas como psicologia, direito, administração, comunicação social e pedagogia. Conta, também, com uma rede de colaboradores eventuais. A análise dos conteúdos é feita em três fases: análise objetiva de cenas que tenham sexo, drogas e violência; identificação dos temas e, por fim, a gradação, que classifica a obra de acordo com a idade. Os símbolos indicam o que não é recomendado para cada faixa etária.

Por que ela é importante?
Pesquisas apontam que a maioria das crianças e adolescentes do Brasil prefere a TV como forma de entretenimento e passa de 3 a 4 horas diante do aparelho de televisão. Outro ponto a se destacar é que os pais nem sempre selecionam aquilo que seus filhos assistem na telinha. Crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento, que precisam de ajuda para selecionar aquilo que assistem.

Como é feita? Quais são as etapas?
O trabalho de Classificação é realizado por uma equipe de analistas do
Departamento de Justiça, que atuam em diversas áreas como psicologia, direito, administração, comunicação social e pedagogia. Conta, também, com uma rede de colaboradores eventuais. A análise dos conteúdos é feita em três fases: análise objetiva de cenas que tenham sexo, drogas e violência; identificação dos temas e, por fim, a gradação, que classifica a obra de acordo com a idade. Os símbolos indicam o que não é recomendado para cada faixa etária.

* Publicado originalmente no site da Andi

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Na frente da telinha

Em 1950, a TV passou a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. Hoje, ela está presente em praticamente todos os lares e a discussão sobre o modo como a telinha influencia milhões de minitelespectadores fica cada vez mais acirrada. Afinal, a garotada tem à disposição uma infinidade de programas infantis ao alcance de um botão. Mas será que os pais devem liberar o controle remoto na mão dos filhos? "Ver TV tem um lado positivo, pois as crianças podem aprender fatos novos, modos de lidar com relacionamentos interpessoais e ter contato com culturas diferentes", diz a psicóloga infantil Lidia Dobrianskyj Weber, autora do livro Eduque com Carinho: Equilíbrio entre Amor e Limites (Editora Juruá).

Abusar desse entretenimento é onde mora o perigo. "Deve haver um limite em relação ao tempo em que a criança fica na frente do aparelho. Ela também precisa brincar e interagir socialmente, isso é fundamental para o desenvolvimento", afirma Claudemir Viana, pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre Infância, Imaginário e Comunicação da ECA-USP (Lapic). A violência que recheia muitos dos desenhos preferidos da garotada tira o sono dos pais. Em relação a isso, as opiniões divergem. "Ela pode usar violência para resolver problemas; seus heróis fazem isso", diz Lidia. Já Claudemir afirma que "as crianças vêem essas lutas não com sentido de violência pela violência, mas como sinal de valentia, coragem e como uma maneira de o herói salvar a Terra do mal".

Outra preocupação dos adultos está no fato de não saberem ao certo se o programa ao qual seus filhos assistem é adequado à idade. Por isso, é fundamental que os adultos acompanhem o que seus filhos vêem. "Eles podem conversar com as crianças, tecer comentários, fazer críticas, apontar para o que é fantasia e o que é realidade. Isso ajuda a criança a construir uma postura crítica diante da vida", diz a psicóloga e pedagoga Maria Beatriz Telles. E lembre-se: nada de proibir sem explicar o motivo. "Censurar não é educar, e sim alienar", finaliza Claudemir.

* Texto de Shirley Paradizo, publicado originalmente na revista MONET, edição de outubro de 2007, número 55

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Seu filho assiste a...

A série de animação canadense The Backyardigans tem ingredientes de sobra para entreter crianças a partir dos 3 anos de idade. Criado com a mais moderna tecnologia 3D e em formato de um musical infantil por Janice Burgess (Little Bill), o seriado acompanha cinco filhotes fofos que usam a imaginação para embarcar em fantásticas brincadeiras repletas de canções e aprendizagens. O pingüim azul Pablo, o alce laranja Tyrone, a criaturinha lilás Uniqua, a fêmea de hipopótamo amarela Tasha e o canguru roxo Austin moram na mesma rua e compartilham o mesmo quintal, que se transforma em um belíssimo e colorido cenário para ilustrar suas peripécias.

Com essa paisagem de fundo, eles encenam histórias baseadas, por exemplo, em viagens de piratas, em uma festa hip-hop ou em visitas a castelos medievais. Tudo regado a uma trilha sonora digna de espetáculo da Broadway. A cada episódio, as crianças aprendem quatro coreografias e músicas de um gênero diferente, que podem ir do tango ao reggae, passando pelo funk e pela bossa nova. The Backyardigans inspira a garotada a cantar e a dançar com adoráveis bichinhos, enquanto sobem montanhas, deslizam por geleiras ou velejam pelos oceanos em um divertido conjunto de exercícios que incentivam a sensibilidade pela arte, a coordenação motora e, é claro, a imaginação, o jogo simbólico, uma das características do pensamento pré-escolar.

* Texto de Shirley Paradizo, publicado originalmente na Revista MONET, edição de junho de 2007, número 51
* * Saiba mais sobre animações em MUNDO ANIMADO

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O que seu filho assiste...

E se alguns clássicos personagens de histórias em quadrinhos e desenhos animados infantis envelhecessem e, atualmente, aparentassem visualmente sua idade editorial?

O resultado seria o mostrado na imagem ao lado. A ilustração foi apresentada em um artigo publicado na edição de maio da revista Spirit Magazine, distribuída nos vôos da companhia norte-americana de aviação Southwest Airlines.

No texto, o jornalista Winston O'Grady narra sua maratona de 24 horas assistindo a desenhos animados na TV, a fim de saber o que as crianças andam vendo nos canais dedicados a elas.


Além de explanar considerações sobre o abismo (com exceções) entre a adequação de conteúdo das produções antigas e as atuais - que mostram o quanto as crianças estão sendo bombardeadas por valores contrários aos que aprendem em casa - o artigo leva o leitor a uma desconcertante verdade: o público infantil de hoje desconhece ou não gosta das animações clássicas que marcaram a infância de seus pais e avós.


Isso deve explicar o que, munido de detalhados gráficos publicados por institutos de pesquisas, O'Grady mostra no texto: a maior fatia de investimento publicitário para crianças e tweens (faixa etária entre a infantil e a adolescente) está no canal Nickelodeon, cuja programação abrange apenas produções contemporâneas.

Em segundo lugar na preferência dos anunciantes vem o Cartoon Network, que exibe atrações novas e antigas. Na penúltima colocação da lista ficou a Disney, com seus desenhos animados tradicionais.

Ou seja, a força de Super Mouse, Pernalonga, Popeye, Mickey Mouse e de grande parte de outros personagens que por décadas vinham caindo nas graças das crianças já não é mais a mesma. A geração 2000 tratou de descartar essa galeria, sem a menor piedade.

Como a imensa maioria das atrações dos programas infantis na televisão do Brasil é, por tradição, composta de produções dos Estados Unidos, esses dados podem ser facilmente aplicados à realidade do País.

Na enquete que o site UOL Crianças está realizando, essa constatação fica clara. Para a pergunta "Desenhos animados: Qual deveria virar filme live action?", são apresentadas 23 opções. Mas somente sete se referem a criações com mais de 20 anos de existência - o mais antigo é o cão Snoopy. Até o fechamento desta nota, Naruto e Cavaleiros do Zodíaco lideravam a votação.

Pelo menos uma exceção pode ser notada no Brasil. Episódios clássicos de O Pica-Pau têm feito sucesso na TV Record desde 2006, quando a série entrou na programação da emissora e virou fenômeno de audiência, embora uma significativa queda nos últimos meses - resultante do desgaste das reprises - tenha forçado mudanças nos horários e dias de exibição durante a semana. Mas faltam registros concretos sobre a real maioria do público do desenho animado, que tem atraído adultos saudosistas ao mesmo tempo em que está despertando o interesse dos telespectadores mirins.


Rejuvenescido diante das novas gerações, o Pica-Pau teve a chance de mostrar que as animações antigas ainda garantem uma boa dose de diversão.

Por outro lado, os personagens "fisicamente" envelhecidos que o artigo de Winston O'Grady usou de forma criativa para mostrar o quanto eles ficaram ultrapassados podem até parecer divertidos. Mas, para os fãs veteranos, de tão contundente a imagem passa a impressão de que é assim mesmo como as crianças os vêem hoje.


* Texto de
Marcus Ramone, publicado originalmente no site Universo HQ (achei o artigo, no mínimo, interessante e por isso decidi compartilhá-lo com você. Vale dar uma olhada no artigo original que inspirou texto de Marcus, na página da revista Spirit Magazine)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Proteção à criança

A televisão brasileira, desde julho de 2007, adota um novo sistema de informação para classificar seus programas, em cumprimento à Portaria nº 1.220 do Ministério da Justiça, que atende aos termos nos caput do art. 74 da Lei 8.069, de 11 de julho de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A nova lei tem como finalidade informar aos pais a idade mínima recomendada a cada programa antes de eles entrarem no ar. As emissoras ainda são obrigadas a seguir uma grade horária para apresentar alguns conteúdos. De acordo com as novas regras, a programação entre as 7h e 19h é livre, ou seja, é permitida para todas as idades. A partir das 20h, fica restrita para jovens acima de 12 anos, e das 21h em diante, a idade limite é 14 anos. Já a partir das 22h, os programas só são permitidos para maiores de 16 anos e, a partir das 23h, somente para maiores de 18 anos.

Desde que entrou vigor, os canais precisam colocar em suas atrações os símbolos indicativos no canto da tela, mostrando restrições para conteúdos permitidos para crianças de 10 e 12 anos e adolescentes de 14, 16 e 18. Haverá também indicação quando o programa for livre. As TVs por assinatura não estão sujeita às regras de horários. Elas apenas precisam informar qual é a classificação da atração exibida, mas não têm de seguir os horários especificados à TV aberta, visto que os pais têm a liberdade de escolher os programas que desejam assinar. Os programas jornalísticos, esportivos e a publicidade em geral também não estão sujeitas à classificação.

Para esclarecer os pais e o telespectador, o Ministério da Justiça lançou na época um manual com tira-dúvidas e com os símbolos obrigatórios. Essa cartilha pode ser encontrada online no site da Andi (Agência Nacional dos Direitos da Criança). O endereço é bem bacana e traz informações diversas sobre o assunto, como folders para downloads, além de diversos outros temas relacionados à criança e de como protegê-la de conteúdos audiovisuais inadequados. Vale sua visita.


(shirley paradizo)



Fonte: Andi

sexta-feira, 16 de maio de 2008

TV engorda?

Recentemente, a Universidade de Havard, nos EUA, fez uma pesquisa que relaciona a falta de sono e o uso excessivo da TV leva à obesidade em bebês e crianças. Os pesquisadores descobriram que crianças que dormem menos de 12 horas e assistem à TV mais de duas horas por dia têm 16% de chances de ficarem obesos. Já o risco aquelas que dormem mais e assistem menos à TV é de apenas 1%. O estudo, realizado com 915 crianças e publicado na revista especializada Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, sugeriram que a falta de sono pode aumentar o risco de problemas com o peso, pois estimula os hormônios que influenciam o apetite, levando as crianças a comerem mais. Além disso, o maior tempo em frente à telinha leva à maior exposição a propagandas de junk food, piorando a dieta dos pequenos. Apesar da revelação, os estudiosos afirmam que ainda é preciso realizar mais pesquisar para se chegar a uma conclusão definitiva. Por enquanto, eles aconselham aos pais retirarem os aparelhos dos quartos dos pimpolhos e encorajarem uma melhor qualidade do sono.

Fonte: G1

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Uma frase...

"Demorou muito tempo até que se desse conta de que as crianças não são homens ou mulheres em dimensões reduzidas. As crianças criam para si, brincando, o pequeno mundo próprio."

(walter benjamin)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Para não dizer que não falei de coelhos

O elegante Edward Tulane é um coelho amado e exageradamente mimado pela menina Abilene. Quase todo de porcelana (só suas orelhas e o rabo fofo são revestidos de pele de coelho de verdade), Edward, um dia, é obrigado a viajar e acaba sendo literalmente lançado ao mar, mergulhando na longa e difícil aventura do auto-conhecimento. A Extraordinária Jornada de Edward Tulane (Editora Martins Fontes) foi um dos livros que li por indicação da Paula, uma menina encantadora, estudante do colégio Santo Inácio, com quem fiquei conversando um tempão sobre livros certo dia na Livraria da Vila. Não é difícil adivinhar o que vai acontecer e como termina a jornada heróica e transformadora do coelho de porcelana, mas o texto da americana Kate DiCamillo (traduzido por Luzia Aparecida dos Santos) é delicado, emociona na medida e dá o recado sem escorregar na pieguice. As lindas ilustrações de Bagram Ibatoulline seguem o mesmo tom. Fiquei com vontade de ler O Tigre, da mesma autora.

(silvana tavano)

* Esta indicação de livro da Silvana Tavano foi publicada em seu blog, Diários da Bicicleta, e ela me permitiu reproduzir aqui. Além do blog, a amiga e jornalista – que eu admiro muito – é editora da revista MARIE CLAIRE e autora de uma série de livros que contam as aventuras da bruxinha Creuza.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Publicidade na TV no horário infantil

Desde a invenção da televisão e seu lançamento no mercado brasileiro, há mais de 50 anos, não se ouve falar tanto sobre tal meio de comunicação e sua influência no comportamento humano, sobretudo na infância, quanto nas últimas décadas. Esse fato pode ser confirmado pela divulgação de inúmeras pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Brasil, Austrália e grande parte da Europa, onde se observa a crescente preocupação de pais, educadores e da comunidade científica com o fenômeno social da televisão e seus possíveis efeitos na infância. Tal preocupação é recorrente de constatações realizadas por agências de pesquisas que apontaram como dados significativos, referentes à relação TV-infância, a presença da TV na maioria dos lares no mundo inteiro, o grande número de horas dispensadas pelas crianças diante de um televisor, além dos inúmeros questionamentos sobre a qualidade da programação da TV (em especial a aberta).

Informações como essas provocam a indignação das pessoas preocupadas com os valores e os estereótipos exibidos nos mais variados conteúdos televisivos, principalmente o publicitário. Cabe lembrar que uma das preocupações de alguns cientistas sociais diz respeito à forma como a publicidade se apresenta diante dos pequenos telespectadores. O caráter atrativo da publicidade e o sensacionalismo, que várias emissoras de TV usam para conquistar audiência, é algo muito discutido pela sociedade, pelos governos, instituições e ONGs [organizações não-governamentais]. Freqüentemente, os padrões de produção das propagandas são iguais ou até melhores que alguns programas e, como conseqüência, seu impacto na atenção e na audiência não poderia ser subestimado ou ignorado.

Constata-se, então, que, muitas vezes, a publicidade se utiliza de recursos, como os efeitos especiais pela computação gráfica, não somente como forma de valorizar o seu produto, mas também para influenciar as crenças e valores de uma sociedade, tornando-se uma persuasão implícita para o consumo de um produto. Dados significativos revelados por pesquisadores americanos e europeus mostram que desde os 6 meses de idade pode-se observar nas crianças as primeiras condutas de atenção à televisão. As mudanças rápidas de imagem e som, sobretudo nos anúncios, e o próprio formato da televisão as motivam muito. No entanto, isso não significa que, na tenra infância, elas sejam capazes, por exemplo, de compreender uma narração televisiva, ou a intenção de um anúncio publicitário.

A possibilidade de qualquer criança, mesmo antes de falar ou de começar a ler e escrever, assistir à TV e prestar atenção nela durante um determinado período de tempo contribui para a convicção de que esse veículo de comunicação é extremamente simples e de fácil acesso, voltado para o lazer. Essa visão ingênua - questão discutida em vários fóruns mundiais e no Brasil, em 2003, por ocasião da 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes - negligencia a necessidade atual de educar as crianças e adolescentes para a mídia, como forma de ensiná-los a exercer sua cidadania.

Entre os frutos de discussões como essa se encontra o trabalho de alfabetização televisiva, objeto de estudo na minha tese de doutorado - que conta com a orientação da professora doutora Orly Zucatto Mantovani de Assis e feita pela Faculdade de Educação da Unicamp -, na qual eu defendo a compreensão da linguagem televisiva e a necessidade do uso pedagógico da TV em sala de aula, propiciando ao aluno a vivência de situações com a mídia que o tornem, entre outras coisas, mais crítico e menos vulnerável às questões publicitárias. A publicidade na TV requer regras específicas. Muitas redes de televisão no mundo são patrocinadas por propagandas, porém essas sofrem controle mais rígido em alguns países do que em outros. Por exemplo: na Inglaterra e nos Estados Unidos, muitas restrições são feitas à televisão por meio de regras que controlam a proporção de propagandas em cada hora de transmissão e a freqüência com que podem ocorrer em um único programa.

O fato de o mercado brasileiro ter um grande contingente de crianças com maiores possibilidades de consumo fez com que as empresas, interessadas nas vendas e nos lucros que podem obter desse público, desenvolvessem estratégias específicas de marketing e publicidade que não priorizam as questões educativas ou éticas. Sabe-se que os Estados Unidos e muitos países europeus elaboraram diretrizes e procedimentos visando proteger as crianças de ações publicitárias inescrupulosas.

A Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos da criança, adotada em 1989, fornece, no artigo 17, um conjunto de leis que trata do direito da criança à informação e ao acesso às fontes, bem como da necessidade de encorajar o desenvolvimento de orientações apropriadas para proteger a criança de informações e materiais prejudiciais a seu bem-estar. No Brasil, além das diretrizes da ONU, procedimentos semelhantes são amparados por normas que defendem as crianças nas relações de consumo. Entre elas, as encontradas no Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar), elaborado em 1978, no Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (CDC) e, mais recentemente, na própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que se mostrou preocupada em instituir novas regras para a divulgação de comerciais de alimentos considerados nutricionalmente inadequados, tanto na TV como no rádio, em horário específico (das 21 às 6h) - além da proibição da produção de qualquer material didático voltado para crianças que inclua ou faça alusão a alimentos e bebidas que integrem a categoria dos não saudáveis.

O cumprimento de normas como essas se traduz em um cuidado com nossas crianças, mas ainda é algo longe do ideal e do necessário, como é possível constatar ao se conhecer a forma como as crianças compreendem o comercial televisivo. Embora ultimamente as propagandas sejam destinadas a manipular o comportamento dos consumidores, o processo de influência depende do que o telespectador sabe sobre o objetivo da propaganda e quanto acredita no que a TV mostra, destacando a existência de duas grandes preocupações de pesquisadores relacionadas ao conhecimento das crianças a respeito das propagandas de TV. A primeira consiste no entendimento da própria criança da proposta da propaganda. A segunda, por sua vez, refere-se às importantes características do nível de compreensão dessas crianças acerca das aparições apresentadas nas propagandas.

Dessa forma, para que as crianças entendam a proposta das propagandas é preciso que elas façam uma série de descrições importantes: distinguir propagandas de programas; lembrar de um patrocinador como fonte da mensagem do comercial, perceber a idéia ou a intenção da mensagem, entender a natureza "simbólica" dos produtos, personagens e representação do contexto do comercial - destacando-se ainda a preocupação com a persuasão, visto que as crianças pequenas não têm consciência desse tipo de proposta, podendo ser facilmente influenciadas por elas. Pesquisas americanas revelam que as crianças menores, que ainda não entendem a intenção persuasiva dos comerciais, tendem a percebê-los como mensagem verdadeira, ao passo que as mais velhas podem discernir tendências persuasivas e expressar atitudes céticas em relação aos comerciais.

Os resultados dessas várias observações indicaram que, abaixo dos 6 anos, a vasta maioria das crianças não pode realmente explicar a proposta de venda na TV. Entre as idades de 7 e 9 anos, grande parte das crianças é capaz de reconhecer e explicar as vendas, contudo, a partir de conhecimentos e exemplos concretos da realidade. Esses dados coincidem com os encontrados no Brasil por pesquisa feita por mim que investigou a compreensão do conteúdo de um comercial televisivo com crianças entre 4 e 11 anos na cidade de Americana, interior de São Paulo, evidenciando uma ampla idéia das representações que os sujeitos apresentam sobre o conteúdo de um comercial televisivo, a televisão e suas funções.

Por fim, pensar a publicidade na TV no horário infantil requer, indiscutivelmente, a participação efetiva do governo, estabelecendo regulamentações específicas para a veiculação de propagandas destinadas ao público infantil, além de uma mobilização da sociedade, exigindo dos órgãos competentes maior seriedade e agilidade nas aplicações de normas e regras, bem como uma reflexão sobre a educação para a mídia como prioridade de formação no século 21, apontando a necessidade de pensar em estratégias educativas que ajudem as crianças (e seus pais e responsáveis) a atentar para a formação de pequenos telespectadores, a fim de que se tornem consumidores mais inteligentes, principalmente dos conteúdos publicitários.

(Ester Cecília F. Baptistella)


* Fonte: Revista Sesc Online

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Aos visitantes

Amigos que visitaram o blog me fizeram a mesma pergunta: "Como pode alguém que trabalha em uma revista que retrata o universo televisivo pode ser contra a TV?". A resposta é simples: não sou contra a TV. Ao contrário, eu adoro passar algumas horas na frente do aparelho, consumindo seriados, filmes e desenhos. A questão a ser levantada aqui não é apontar a TV como uma vilã ou não na educação das crianças, mas colocar o tema em discussão, mostrando os dois lados da moeda por meio de entrevistas, artigos, matérias e pesquisas – além de dar dicas de programas infantis bacanas que fazem parte do cotidiano minitelespectadores.

Bem, não adianta negar. A TV está mais do que presente nos nossos lares e é preciso saber lidar com isso. Normalmente, os pais costumam atribuir a agressividade ou qualquer outro comportamento fora dos padrões que eles consideram inadequado aos programas e desenhos que seus filhos assistem, sem ter nenhum conhecimento sobre a tal atração. Agora, como qualificar o conteúdo de uma atração infantil como "adequado ou não" à criança sem saber ao menos do que ela trata? Pior ainda é achar que seus pimpolhos são seres totalmente passivos e que aceitam tudo o que a TV lhes apresenta sem questionar. Isso é subestimar a inteligência de seus filhos. Acredite, eles vão surpreendê-los se você lhes pedir para contar sobre seu programa favorito.

Sempre que possível, sente-se com eles no sofá e assistam à atração juntos, discutindo, comentando... Quando nos aproximamos do universo infantil, podemos compreender melhor o que eles estão pensando, sentindo. Sem dúvida perceber o mundo com olhar deles é uma uma experiência fantástica e enriquecedora. E não se esqueça de que a TV não é Recompensa nem Punição. Assim, se você deseja encurtar o tempo que seus filhos passam na frente da TV, não basta impor limites. É preciso, conversar com eles sobre os motivos da restrição, além de lhes dar outras opções para se distraírem, como jogos, passeios ao ar livre, bate-papos em família e livros. Sim, ler também é divertido, aguça a imaginação e traz aventuras inesquecíves.

(Shirley Paradizo)

Seu filho assiste a...

Um dos programas infantis da atualidade que acho bem criativo e que tem muito a ensinar às crianças a partir dos 7 anos é o Mundo da Leitura (quartas, 10h, Canal Futura). Adoro o apresentador, o gato Gali-Leu, e me divirto com suas dicas de livros e viagens literárias. A atração, que está em sua sexta temporada e que incentiva as crianças a lerem, foi criada em 2003 pelo Centro de Referência de Literatura e Multimeios da Universidade de Passo Fundo (UPF), no Rio Grande do Sul. Contação de histórias, teatro de animação, poesias e dicas culturais sobre CDs, sites, filmes, livros ou histórias em quadrinhos são apresentadas pelo simpático bichano. Conheça um pouco Gali-Leu por suas próprias palavras:

Como você foi parar no Mundo da Leitura?
GALI-LEU Eu fui criado por um professor meio maluco, que encasquetou de me ensinar a ler. Depois que aprendi, gostei tanto que, quando não tinha livros novos em casa, lia jornal, revista, almanaque, gibi, bula de remédio, lista telefônica ou o que mais aparecesse pela frente. Vendo o meu desespero em encontrar novos materiais para ler, o professor começou a me levar para diversas bibliotecas. Foi assim que conheci o Mundo da Leitura, para onde acabei me mudando, só para ficar mais perto dos livros. E acabei como apresentador do programa.


Você deve conhecer muitos autores e livros. Tem alguma preferência?
Eu leio de tudo, mas o que me fascina mais são as histórias, de qualquer tipo, desde os contos de fadas até os romances. Lendo um enredo, acabo sempre me identificando com um personagem e, de certa forma, vivendo junto com ele todas as aventuras pelas quais passa. Então, é como se tudo aquilo também estivesse acontecendo comigo.


Qual é o critério de escolha das obras que aparecem em cada episódio do programa?
O livro tem que ser bom e precisa contar com potencial para criar novos apaixonados pela leitura. Quem encontra um bom livro, e se descobre a si mesmo nesse livro, nunca mais vai deixar de ler.


Como os pais podem incentivar seus filhos a ler?
Existem muitas formas, mas o essencial é que os pais leiam para os filhos, e também que leiam livros diante deles. Como diz o ditado, o exemplo vale mais do que as palavras.


O que você faz para se divertir?
Eu vou com a Borralheira ao cinema, ao teatro, a um show que esteja rolando... Gostamos muito de respirar arte. Ela purifica os pulmões da gente das cinzas da vida rotineira.


(Shirley Paradizo)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

TV: vilão ou aliado?

Esses dias estava fazendo uma pesquisa na Internet e deparei com um artigo bem interessante, escrito por Vera Lucia Perino Barbosa (Presidente do Instituto Movere). Nele, ela fala que a TV pode ser uma forma de entretenimento saudável para as crianças desde que os pais saibam como "controlar" a brincadeira. Afinal, quem realmente é o vilão nessa história: nós, pais, ou o aparelho? Aqui vai o artigo para você pensar a respeito.

O papel da TV na vida das crianças

A família é a influência mais importante na vida de uma criança, mas a televisão não está muito atrás. A televisão pode nos informar, nos entreter e ensinar. Entretanto, algumas coisas que a TV mostra ou ensina não é adequado às crianças. Os programas e os comerciais de TV mostram freqüentemente a violência, o uso do álcool, drogas e conteúdo sexual, que não são apropriados para crianças ou adolescentes. Estudos mostram que assistir à TV pode levar a um comportamento mais agressivo, menos atividade física, imagem alterada do corpo e maior uso de drogas e álcool. Sabendo como a televisão pode afetar suas crianças e definindo limites, você pode fazer com que a experiência de assistir à TV seja menos prejudicial e bem mais agradável. Você pode não acreditar, mas a televisão afeta de muitas maneiras a vida da sua criança. Portanto, quando sua criança sentar para assistir à TV, considere o seguinte:

Tempo
Crianças nos Estados Unidos assistem por dia 4 horas de TV aproximadamente. Assistindo a filmes e jogando vídeo game só aumenta o tempo gasto em frente à TV. Pode ser tentador usar a TV, os filmes e o videogame para manter seu filho ocupado, mas ele precisa também gastar seu tempo de outras maneiras. Brincar, ler e passar o tempo com amigos e familiares são ações bem mais saudáveis do que sentar em frente à TV.

Aprendendo
A televisão acaba afetando a aprendizagem, isto é, a forma correta para aprender. Os programas de alta qualidade podem ter um efeito positivo na aprendizagem. Os estudos mostram que as crianças na fase pré-escolar que prestam atenção a programas educacionais melhoram em testes de leitura e matemática, do que as crianças que não assistem a estes programas. Quando usada com cuidado, a televisão pode ser uma ferramenta positiva para ajudar a sua criança aprender. Para as crianças mais velhas, os programas de alta qualidade podem trazer benefícios. Entretanto, para as crianças mais novas a história é muito diferente. Os primeiros dois anos da vida são notadamente importantes no crescimento e no desenvolvimento do cérebro. Durante esse tempo, a criança necessita de uma interação positiva com outras crianças e adultos, para dessa forma, desenvolver bem a linguagem e suas habilidades sociais. Aprender a falar e brincar com os outros é mais importante do que assistir TV. Até que mais pesquisas sejam feitas sobre os efeitos da tevê nas crianças muito novas, a Academia Pediátrica Americana não recomenda a televisão para crianças com menos de 2 anos de idade. Para as crianças mais velhas, a Academia recomenda não mais de uma a duas horas por o dia. Existem muitas maneiras de os pais ajudarem seus filhos a desenvolverem bons hábitos para assistir TV.

Defina limites
Defina o tempo de uso para TV, videogame e computador para não mais do que duas horas ao dia. Não deixe sua criança assistir à TV enquanto faz a lição de casa. Não coloque uma televisão no quarto do seu filho.

Planeje o que sua criança vai assistir
Em vez de ficar mudando de canal, tenha em mãos um guia para poder ajudá-lo a escolher os programas certos para sua criança. Ligue a tevê para assistir ao programa escolhido e desligue-a quando o programa terminar.

Assista à TV com seu filho
Sempre que possível, assista à TV com sua criança e converse sobre o que você está assistindo. Se sua criança for muito nova, ela não vai saber a diferença entre um show, um comercial, um desenho ou vida real. Explique que os personagens na TV não são reais. Alguns programas "baseados na realidade" podem parecer "reais", mas a maioria deles serve para atrair a atenção dos telespectadores. Boa parte do conteúdo desses programas não é aconselhável para as crianças. As transmissões de notícias contêm também material violento ou impróprio. Se você não tiver tempo de assistir à TV com sua criança, preste atenção naquilo que ela viu para que mais tarde você possa conversar com ela. Melhor ainda, grave o programa de modo que você possa assistir com sua criança no horário apropriado para você. Pense sempre na qualidade do tempo que você passa com sua criança.

Encontre uma mensagem correta
Mesmo um programa ruim pode se tornar uma experiência de aprendizado se você ajudar sua criança a encontrar a mensagem certa. Alguns programas da televisão podem criar estereótipos de alguns povos ou pessoas. Converse com sua criança sobre o papel real das mulheres, dos mais velhos e de outras pessoas de outras raças na sociedade que não são apresentados na TV. Ensine que as pessoas, os povos podem ter maneiras diferentes de agir, mas nem por isso são diferentes de nós mesmos. Ajude sua criança aprender a ter tolerância com o outro. Lembre-se de, se você não concordar com determinada matéria, pode desligar a tevê ou, então, explicar porque não concorda.

Ajude a sua criança resistir aos comerciais
Não espere que sua criança seja capaz de resistir aos comerciais de brinquedos, doces, snacks, cereais, bebidas ou programas novos de tevê sem sua ajuda. Quando sua criança pede produtos anunciados na tevê, explique que a finalidade dos comerciais é fazer com que as pessoas queiram coisas que muitas vezes não precisam. Tente limitar o número de comerciais que sua criança vê mudando de canal ou conversando com ela nos intervalos comerciais. Você também pode gravar os programas tirar os comerciais ou comprar vídeos ou DVDS, assim ela assistirá programas educativos sem ser bombardeada por comerciais.

Procure vídeos ou DVDs de qualidade para suas crianças
Há muitos videos e DVDs de qualidade disponível para as crianças que você pode comprar ou alugar. Verifique antes de comprar ou de alugar programas ou filmes que possam acrescentar algo para sua criança. Essas informações estão disponíveis em livros, jornais e também na Internet.

Ofereça outras opções
Não deixe que a tevê transforme-se em um hábito para sua criança. Ajude-a encontrar outras coisas para fazer com seu tempo, tal como jogar, ler, aprender um esporte, um instrumento ou usar esse tempo para ficar com família, amigos ou vizinhos. Seja você um bom exemplo Você é o modelo mais importante na vida da sua criança. Limitar seu próprio tempo assistindo à TV, escolher programas com cuidado que ajudarão a sua criança a fazer o mesmo.

Expresse sua visão sobre o que você está assistindo
Quando você gosta ou não gosta de algo que você vê na televisão, faça com que você seja ouvido. Escreva para o canal de tevê, à rede ou ao patrocinador do programa. Os canais, as redes e os patrocinadores costumam prestar atenção no que seu público gosta ou se está insatisfeito. Se você achar que um comercial está sendo desonesto, escreva o nome do produto, em que canal passou e em que horário, e descreva sua preocupação.

* Texto de Vera Lucia Perino Barbosa, publicado originalmente no site do Instituto Movere

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Fique de olho

Recentemente, a ONG Midiativa, em parceria com o Instituto de Pesquisa Multifocus, realizou um estudo com os pais sobre a qualidade da programação infanto-juvenil da televisão brasileira. Dessa pesquisa, resultou o que eles chamaram de Os 10 Mandamentos do que as atrações devem conter para atender corretamente a essa faixa etária:

1. Confirmar valores (transmitir conceitos como respeito à família e ao próximo)
2. Incentivar a auto-estima (não reforçar preconceitos nem estereótipos)
3. Preparar para a vida (propor temas importantes para a futura vida profissional e social)
4. Gerar curiosidade (despertar o gosto pelo saber)
5. Não ser apelativo (não banalizar a sexualidade nem a violência e não incentivar o consumismo)
6. Ser atraente (ter música, ação, humor)
7. Despertar o senso crítico (fazer a criança e o jovem refletir)
8. Mostrar a realidade (apresentar a vida como ela é, apontando os limites e as conseqüências de cada ação)
9. Gerar identificação (mostrar situações próximas das vivências das crianças e dos jovens)
10. Ter fantasia (estimular a brincadeira e fazer sonhar)

Seu filho assiste a...

Space Goofs (segunda a sexta, 22h, Jetix) - Exibida pela primeira vez em 1997, a série animada francesa Space Goofs é indicada para crianças a partir dos 7 anos. É um desenho hilário, esquisito e traz deliciosas referências ao universo pop – destaque para a música-tema Monster Men, de Iggy Pop. Ou seja, tem ingredientes de sobra para agradar tanto as crianças como os adultos. Ele narra as aventuras de quatro alienígenas e suas fracassadas tentativas de retornar ao seu planeta de origem. Tudo começa em 1998, quando Candy, Bird, Gorgeous e Etno saem de férias pelo espaço, sofrem um acidente e caem na Terra. Forçados a se esconder dos humanos, eles passaram a morar em um sótão de uma casa abandonada, impossível de ser alugada devido aos sustos que os candidatos a inquilinos levam com as brincadeiras dos inquietos extraterrestres. Desde que se mudaram para o novo lar, o quarteto dedica seu tempo a estudar os ridículos hábitos dos seres humanos.

A partir do ponto de vista dos Space Goofs, os humanos são criaturas estranhas que gostam de colocar o dedo no nariz, de se coçar e mastigar um material cor-de-rosa para fazer curiosas bolas que costumam explodir e grudar em seu rosto. Investigar os humanos, porém, trouxe-lhes alguns vícios em suas vidas. Os ETs acabaram se tornando fãs da culinária e dos programas de TV terrestres, como Desperate Housewives, disputando a tapas um espaço no sofá para acompanhar os episódios. Afinal, todos precisam de diversão de vez em quando, até mesmo os seres do espaço.

(Shirley Paradizo)

Diversão em família

Aristogatas: Edição Especial (R$ 39,90, Buena Vista) - Primeiro longa animado da Disney realizado após a morte do criador do estúdio, o clássico Aristogatas é desenho bacana para assistir ao lado das crianças. Tem aventura, personagens carismáticos e uma trilha sonora bem cuidada. A história se passa em Paris, quando uma excêntrica e milionária senhora deixa toda a sua fortuna para seus amáveis gatinhos de estimação – a elegante gata branca Duquesa e seus filhotes Mary, Toulouse e Berlioz. A caridade não agrada o mordomo da casa, que seqüestra os bichanos e abandona-os no interior da França para, assim, se tornar o herdeiro. Em sua jornada de volta ao lar, os felinos fazem amizades com os mais diversos animais do subúrbio, como o charmoso gato vira-lata Matinhos e uma banda de jazz exclusiva para bichanos.

(Shirley Paradizo)

Programa legal

Até a alguns anos atrás, um dos maiores sonhos das crianças era terem à sua disposição um canal que exibisse, dia e noite, desenhos. A chegada da TV por assinatura realizou esse pedido, com uma grande oferta de canais que oferecem atrações para os pequenos. A diversificação da programação é enorme: animações contemporâneas e clássicas, séries em formato com atores, programas feitos e dedicados a crianças e adolescentes e os famosos animês – desenhos japoneses que viraram febre entre a garotada nos últimos anos.

Segundo pesquisa realizada recentemente pela NET, na maioria dos lares de hoje, o aparelho de televisão com TV a cabo faz parte da decoração do quarto dos pequenos, que assistem, livremente, aos canis infantis, sem muita interferência dos adultos, ocupados com o trabalho e os afazeres de casa. "Para os pais, a televisão é um lazer tanto para eles como para seus filhos, mas eles se preocupam, e muito, se os programas e os desenhos aos quais as crianças assistem são adequados para sua idade", diz Fernando Magalhães, diretor de programação da NET Brasil. Uma perturbação até relevante, já que, de acordo com o Ibope, os jovens espectadores passam cerca de 3 horas de seu dia na frente da telinha.

Aos olhos dos adultos, a grande preocupação está nas séries animadas com maior incidência de lutas e violência, que, de acordo com os pais, podem tornar seus pimpolhos mais agressivos. "A crianças têm a necessidade de expressar uma série de sentimentos, inclusive a violência. E não existe pesquisa conclusiva e determinante que consiga afirmar, com todas as letras, a influência desses programas nas crianças", fala a psicanalista Ana Olmos. Os desenhos com monstros e fantasmas também estão na mira dos adultos. "Crianças mais novas, entre 5 e 6 anos, têm dificuldades com o suspense, personagens que parecem realmente em perigo, rostos realistas com expressão de raiva, dor ou medo. Por isso, é preciso considerar esses elementos ao decidir o que disponibilizar para cada faixa etária", diz Gerard Jones, autor do livro Brincando de Matar Monstros, que fala da relação entre as diversões juvenis, como videogames e a TV, e o desenvolvimento emocional e intelectual das crianças.

Se elas insistirem em assistir a programas que os pais consideram impróprio para sua idade, a saída é a proibição ou mesmo o bloqueio do canal indesejado. "É importante, porém, explicar as razões da proibição e oferecer outras alternativas", fala Ana Olmos. E, aí, surge novo problema. Segundo pesquisa da NET, os pais não têm o costume nem paciência de conhecer os desenhos que acompanham o dia-a-dia de seus filhos para ajudá-los na escolha. "Se não conhecem, não faz sentido proibir. A regra de conhecer os amigos e o que estão acessando no computador, deve valer também ao que estão assistindo", diz Ana. O primeiro passo para fazer essa é escolha é acompanhando, ao lado da criança, a atração e ficar de olho: "Os desenhos e os programas antes de mais nada devem divertir e não causar medo ou qualquer outro sentimento ruim. Não podem ser preconceituosos, ter personagens estereotipados, trazer conceitos errados, como, por exemplo, que tudo se resolve na força", diz Bia Rosemberg, diretora de programação da TV Cultura.

* Texto de Shirley Paradizo, publicado originalmente na revista MONET, edição 40, jullho/2006